sábado, 25 de setembro de 2010
"GENGHIS KHAN"
Quem não se lembra o lado musical deles? "Comer, comer é o melhor para poder crescer..."
O Brazilian Genghis Khan o vocalista Jorge Danel conta sobre as experiencia do grupo e o longo caminho que percorreram até aqui.
O Brazilian Genghis Khan surgiu em setembro de 1979. Até então, não existia um grupo que dançasse, cantasse, se caracterizasse, trabalhasse com teatro, criasse personagens, enfim. Como ele sempre foi ligado ao teatro, fez Escola de Belas Artes e tudo, resolveu criar um grupo que fizesse algo mais teatral, que se preocupasse com a criação de uma mise-en-scène.
Esta formação é de 1999. Estamos juntos há bastante tempo já. Sempre forma o grupo para durar. Por isso, tem que existir muita cumplicidade, uma meta em comum, confiança mesmo.
Na década de 80 fizeram jus ao nome do conquistador que usam e chegaram a ser intérpretes da 64ª música mais executada no mundo.
Nesta ocasião foi uma maluquice. Não sabe se hoje faria o que fez naquela época! O Brazilian Genghis Khan estourou logo na primeira música! Tinham planejado um trabalho para dar frutos com três, quatro anos de dedicação. E logo de cara, com “Genghis Khan” foi aquele estouro todo! Jorge Ficou assustado e se sentiu desestruturado por um tempo. Durante cinco anos seguidos, emplacaram músicas como “Roma”, “Apolo 50” e “Comer, Comer”. Não tínham tempo nem de respirar! Pra se ter uma idéia, avião de linha não adiantava pra eles. Tinha sempre um táxi aéreo esperando por eles,era uma bola de neve!
Um exemplo da loucura: foram os primeiros artistas a tocarem no Projeto Jari, no meio do Amazonas. Era uma fábrica de celulose. Tocaram primeiro pro chefe da fábrica e depois pro “povão” de lá. Eram só palafitas e tiveram que andar por corredores delas, fantasiados para o show. "Era divertido! Era cansativo, mas tínhamos uma meta. Chegamos a descer na Transamazônica, para tocar na Hidrelétrica de Balbina. Até pra garimpeiros tocamos e, ao contrário do que muitos podem imaginar, eles respeitaram muito a gente, principalmente as meninas. Até porque elas não têm a vulgaridade das dançarinas de hoje em dia. Elas cantam e dançam mesmo. Os garimpeiros chegaram a oferecer pepitas de ouro pra agradecer o show!
Sempre lembro também que fomos os primeiros a ter dançarinas, a loira e a morena. O É o Tchan só veio no fim dos anos 90. Nós somos de 1979!"
A banda parou na década de 90 pois dois integrantes da primeira formação faleceram e tiveram muitos problemas pessoais que o impediram de continuar também. Como foi forçado a parar por todos esse fatores, teve vontade de voltar com o conjunto. Aí, quando teve oportunidade, voltou.
Antes do Brazilian Genghis Khan Jorge era bailarino, foi primeiro bailarino na Lido de Paris e dançou até no Municipal. Morou em todos os países do mundo, acha que só faltou a Austrália. Tem carteira da ordem dos músicos desde 1964 e sempre trabalhou com teatro e arte. Todos os outros já tinham trabalhado com ele antes. Jorge os observava, ficava de olho no comportamento deles. Não queria ninguém que não pudesse se comprometer de verdade com o grupo. Então, queria pessoas que não tivessem vícios, que fossem concentrados e dedicados. E que não se deslumbrassem facilmente. Porque queria qualidade no trabalho, não necessariamente estar em todas as emissoras de TV. Se fosse pelo dinheiro, talvez existissem profissões em que pudessemos ganhar mais. Mas Jorge ama o que faz, não é só financeiro. Aparecer não significa nada. Sempre teve destaque em tudo no que fez, sem ter que fazer força. Teve muito os holofotes sobre si. Foi modelo, desfilou pra Rhodia, Levis, Yves Saint Larent, Pierre Cardim. E nunca me deslumbrei. Queria pessoas que fossem como eu. E a Claudia, a Marisa e a Diva são.
A idéia de “Comer, Comer” é uma versão. Quando começaram o grupo, a RGE [gravadora] queriam que gravássem em inglês. "Todo mundo fazia isso: o Christian [da dupla Christian & Ralf], o Fábio Júnior... Aí, gravamos também. Mas como tínhamos cara de estrangeiro, as pessoas acharam mesmo que éramos de fora. Pra não corrermos riscos de sermos descobertos, não dávamos entrevistas! Aí, ficou impossível continuar assim e resolvi dar entrevista em italiano. Só que eu conhecia muita gente e as pessoas sabiam que eu era daqui mesmo, então, todo mundo achava estranho. Daí, resolvemos assumir que éramos do Brasil e virar tudo de cabeça pra baixo. Até ali, cantávamos músicas fortes, violentas mesmo. Do nada, pra estrearmos a gravação em português, gravamos uma música infantil! No começo, tanto a imprensa quanto o público não gostaram da mudança. Afinal, de roupas de guerreiros, passamos a entrar vestidos de cozinheiros, com barrigão. Depois, perceberam que era quase um grupo teatral, camaleônico e que podíamos mudar o estilo que, ainda assim, a qualidade seria preservada. Que fazíamos personagens e que, por ser assim, podíamos gravar aquilo. Aí, virou sucesso! Hoje, “Comer, Comer” e “Parabéns a Você” são os únicos clássicos da música infantil que provaram que vieram pra ficar."
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